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VANIA TOLEDO

O TERCEIRO OLHAR

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O TERCEIRO OLHAR DE VANIA TOLEDO

Esta exposição é diferente de tudo que Vania Toledo já fez, mas absolutamente pertinente com tudo que ela tem feito, como artista e experimentalista, em sua carreira de fotógrafa. Dos seus trabalhos, este é um dos mais originais.

 

O Terceiro Olhar, título da mostra, expõe uma série de fotos, obedecendo a um mesmo conceito e em seu próprio direito de experimentar instalações para, depois, a câmera como palheta, eternizá-las. Segundo Vania, trata-se de um exercício de olhar sobre duas outras imagens resultando na formatação da sua terceira imagem. “O resultado é a cristalização de coisas que gosto e vejo sempre. Gosto de livros de arte e gosto dos meus pesos de papel.” O trabalho começou no inconsciente e gerou muito prazer com os achados. “Foi um trabalho íntimo: você se vale de seus pesos, seus papéis, e seu olhar. Sua intimidade com eles no convívio cotidiano.” A ideia amadurecida é esta, um trabalho em conjunto. O efeito é super feminino e de uma felicidade spetacular. Vania reafirma seu extraordinário talento como colorista. As cores são robustas como as cores da tumescência, mas o rigor, ao mesmo tempo livre e formal na harmonia em que foram arranjados, resulta num triunfo da arte de Vania Toleto nesta viagem.

Usando desenhos de Michelangelo, esculturas de Rodin e aquarelas das flores de Georgia O’Keeffe e exemplificando, diz: “um peso de papel com flores de O’Keeffe é como se eu estivesse trabalhando com ela. É um gesto de amor e homenagem”.

Vania Toledo nestes still-lifes homenageia e faz uso de imagens de catálogos dos trabalhos que Emanoel Araujo vem realizando na Pinacoteca.

Um livro de arte aberto, uma página favorita, o peso é importante para as folhas não saírem do lugar, o peso de papel é o complemento que traz em sua transparência vítrea um mundo pleno de mistério, formas, cores e vida. Vida in vitro. Vidro sobre papel e sobre ambos O Terceiro Olhar feliz. ArsNova.

Texto:  Antonio Bivar  | Escritor e dramaturgo

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DESEJO É OUTRO

Na primeira manhã, Vania mostrou-me as bandejas de prata, como quem mostra seus segredos guardados em formas arredondadas. Ficamos ali, na grande sala, imaginando que rumo a leveza daqueles objetos poderia tomar. Na segunda manhã, ela mostrou-me o livro com as estampas das flores. Falou-me de desejo, colocou os pesos sobre as páginas e, então, veio o inesperado: flores e pesos numa mesma imagem, refletindo, nos líquidos coloridos, nosso próprio olhar. Os pesos de Vania sobre as flores o’keeffeanas tornaram-se outra primavera, única criação, silenciosa pintura, derradeiro olhar.

Na terceira manhã, lhe mandei mais papéis, folhas soltas, catálogos, fitas e graças do Nosso Senhor do Bonfim; a estante imaginária e inesquecível de Manolo Valdez; os simbólicos amuletos de Ruben Valentim; as fotos amareladas pelo tempo no Álbum do Affonso.

Nos encontramos outra vez.

Ela tudo olhou, sorriu com certeza, colocou os pesos sobre os papéis e, outra vez, o inesperado: seus pesos e leveza, as sombras, os contornos iluminados, as cores e transparências de um mundo suspirando dentro dos vidros pareciam terem sido pensados um para o outro. Como nos

casos de amor que apenas a fotografia é capaz de imortalizar.​A quarta manhã não foi uma manhã. Foi uma tarde de quinta-feira. Vania abriu as fotos. Estava tudo ali, suspirando, numa calmaria extraordinária. Então, veio o silêncio. E ficamos olhando pela janela o morno pôr do sol recortar os arranha-céus de Higienópolis, como em outra fotografia, pronta para ser tocada por mais um peso e, levado aos limites do inesperado, o mesmo segredo revelar.

Texto:  Diógenes Moura  | Curador da Exposição

A ILUSÃO E O REAL

Foi num desses dias de domingo, de céu claro e de temperatura amena, do mês de julho, que mais parecia o veranico de maio, que eu, recém-saído de uma cirurgia, encontrei esse personagem extraordinário que é Vania Toledo. Eu, assim como ela, somos sobreviventes de uma situação médica muito complexa. Nosso encontro foi o de duas pessoas cúmplices de um novo estar na vida. Éramos precisamente Tuca Magalhães, Vania, eu e mais um monte de gente que encontramos visitando a feirinha de antiguidades do Museu Brasileiro de Esculturas, na Avenida Europa. Como para qualquer pessoa de uma grande metrópole de qualquer lugar do mundo, esses lugares têm uma certa magia, talvez até porque os objetos de arte expostos nas pequenas barracas ganham uma nova circunstância, ficam destituídos da posse sacralizada e ganham outro sentido de liberdade.

Procurávamos nada e, na ânsia do nada, fomos mais adiante, até a feira do Iguatemi. Vania achou o seu nada: uma fruteira de cristal que substituiria uma outra que se quebrara. Eu achei uma escultura de um artista brasileiro de quem jamais ouviria falar. Nessas buscas falamos de fotografia e do espaço do Café do Ramos, na Pinacoteca. E, nesse passeio de domingo, o convite para esta exposição saiu naturalmente. Tão naturalmente que ele seguiu sozinho, tomo corpo, forma e alma, sem que tivéssemos que sofrer, reforçado pelo encanto que os muitos anos do próprio trabalho de Vania nos suscita. Quem não se lembra daquele livro com seus nus masculinos, num tempo em que ninguém ousaria ser tão livre? Quem esqueceu aquele outro, o dos personagens femininos, onde ela olhava o outro lado do seu ser, com delicadeza, com feminilidade, com a agudeza de um olhar que, de tão refinado, era quase seco.

Vania, ela própria, rebatendo a minha primeira proposta sobre naturezas-mortas, retrucou poeticamente sobre uma ideia secreta. Eis que agora aquela ideia secreta se apresenta sob a forma de uma nova composição cheia de significados. Ela propõe um mundo através de um olhar impresso num papel onde a câmera registra o olhar sobre o olhar, revelando ângulos e transparências, criando uma figuração, para não dizer uma nova transfiguração, arquitetando um sem número de ilusões que eles podem mesmo significar. Linda ideia de ver unido o mundo de Vania ao mundo da Pinacoteca, através dos seus pesos de papel, alguns venezianos, outros franceses, possivelmente outros brasileiros. Não importa. Vania Toledo é Vania Toledo. E assim o tenho dito.

Texto:  Emanoel Araújo  | Diretor da Pinacoteca

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024 - Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle 310g | 79 x 120 cm

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024 - Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle 310g | 49 x 74 cm

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024 - Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle 310g | 79 x 120 cm

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024 - Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle 310g | 49 x 74 cm

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024  Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle310g

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024  Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle310g

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024 - Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle 310g | 49 x 74 cm

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024  Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle310g

74 x 49 cm

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024  Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle310g

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024 - Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle 310g | 49 x 74 cm

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Sem título - Da série O Terceiro Olhar, 2001/2024  Pigmento mineral sobre papel Hahnemühle310g

74 x 49 cm

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