Vânia Toledo | o terceiro olhar | 2024
Esta exposição é diferente de tudo que Vania Toledo já fez, mas absolutamente pertinente com tudo que ela tem feito, como artista e experimentalista, em sua carreira de fotógrafa. Dos seus trabalhos, este é um dos mais originais.
O Terceiro Olhar, título da mostra, expõe uma série de fotos, obedecendo a um mesmo conceito e em seu próprio direito de experimentar instalações para, depois, a câmera como palheta, eternizá-las. Segundo Vania, trata-se de um exercício de olhar sobre duas outras imagens resultando na formatação da sua terceira imagem. “O resultado é a cristalização de coisas que gosto e vejo sempre. Gosto de livros de arte e gosto dos meus pesos de papel.” O trabalho começou no inconsciente e gerou muito prazer com os achados. “Foi um trabalho íntimo: você se vale de seus pesos, seus papéis, e seu olhar. Sua intimidade com eles no convívio cotidiano.” A ideia amadurecida é esta, um trabalho em conjunto. O efeito é super feminino e de uma felicidade spetacular. Vania reafirma seu extraordinário talento como colorista. As cores são robustas como as cores da tumescência, mas o rigor, ao mesmo tempo livre e formal na harmonia em que foram arranjados, resulta num triunfo da arte de Vania Toleto nesta viagem.
Usando desenhos de Michelangelo, esculturas de Rodin e aquarelas das flores de Georgia O’Keeffe e exemplificando, diz: “um peso de papel com flores de O’Keeffe é como se eu estivesse trabalhando com ela. É um gesto de amor e homenagem”.
Vania Toledo nestes still-lifes homenageia e faz uso de imagens de catálogos dos trabalhos que Emanoel Araujo vem realizando na Pinacoteca.
Um livro de arte aberto, uma página favorita, o peso é importante para as folhas não saírem do lugar, o peso de papel é o complemento que traz em sua transparência vítrea um mundo pleno de mistério, formas, cores e vida. Vida in vitro. Vidro sobre papel e sobre ambos O Terceiro Olhar feliz. ArsNova.

Texto: Antonio Bivar | Escritor e dramaturgo